Pode não parecer…mas são mais de 35 as especificações de pneus que a Michelin pode apresentar aos pilotos de MotoGP durante uma temporada do campeonato do mundo.

Se para muitos de nós a alocação de pneus para cada prova se resume aos compostos Macio, Médio e Duro, sejam eles assimétricos ou não, na realidade esses pneus podem ser muito diferentes entre si, prova a prova ao longo do ano. Os dados recolhidos pela Michelin de ano para ano ajudam a que o composto seja distinto de corrida para corrida, sempre com o objectivo de encontrar a melhor solução, o compromisso mais acertado possível para cada um dos pilotos e respectivas motos.

Para que seja mais fácil identificar os pneus, aqueles que têm banda lateral branca são os de composto mais macio, os de banda lateral amarela os de composto mais duro e aqueles que não têm qualquer banda são os pneus de composto médio, isto para os pneus de piso seco. Quando, em compostos de chuva, a banda lateral tem o tom azul mais claro é para o composto extra macio, azul mais escuro para os pneus macios e a banda lateral branca para os médios.

Pressão

A Michelin recomenda igualmente às equipas a pressão que podem colocar nos pneus no decorrer da sua utilização, variando essa pressão entre os 2 bars nas rodas dianteiras e 1.8 nas rodas traseiras. O ar utilizado não é o mesmo que habitualmente colocamos nas rodas das nossas motos ou automóveis, sendo aqui utilizado ‘ar seco’ para que a pressão no interior dos pneus não sofra variações com o aumento da temperatura dos pneus. Uma pressão incorrecta causa a deformação dos pneus podendo dificultar o atingir da temperatura ideal ou o rápido deteriorar dos mesmos, fruto de um aquecimento exagerado.

Temperaturas

Por falar em temperaturas, a do pneu dianteiro é normalmente superior aos 100°C e no caso do pneu traseiro essa mesma temperatura de funcionamento é superior a 120°C. No caso dos pneus de chuva, as temperaturas descem para os 60°C e os 80°C, respectivamente para a roda dianteira e roda traseira.

A Michelin estipula igualmente que os pneus têm que ser aquecidos pelas mantas, pelo menos durante uma hora antes da saída para a pista, sendo recomendável mesmo as duas horas de aquecimento para que os pneus de seco atinjam uma temperatura de 90°C e 40°C para os compostos de chuva.

Tal como os travões em carbono, os pneus de corrida requerem temperatura para atingirem o melhor nível de performance e uma escolha incorrecta de composto pode significar uma corrida perdida, e não nos podemos esquecer que as condições da pista e o estilo de condução podem igualmente influenciar. Os técnicos da Michelin são responsáveis pela medição das temperaturas dos pneus e da pista, de forma a ter a melhor informação para que seja encontrada a melhor performance. Estas medições são realizadas com recurso a termómetros de mão de alta precisão, sendo essa medição feita em três pontos diferentes, para ser depois encontrado o valor intermédio.

Forças superiores

Os pneus são o único ponto de contacto da moto com o asfalto e são eles que suportam todas as forças geradas pelo motor, travões, movimento do piloto…’descarregadas’ para o asfalto através de uma superfície de contacto do tamanho de uma moeda de 2 euros. Ao mesmo tempo que ‘segura’ tudo isto, o pneu tem que manter a sua forma em todos os momentos sem deformações.

Para que se tenha uma ideia das forças a que as ‘borrachas’ estão sujeitas, durante a aceleração ao longo de uma recta a roda traseira suporta forças superiores a 224kg e durante uma travagem forte que atinja os 1.5G as forças exercidas sobre o pneu dianteiro podem atingir os 254kg, sendo que, em curva, as forças laterais possam atingir os 203kg. Tudo isto durante uma longa sucessão de voltas num GP, sendo que os melhores irão conseguir gerir tudo isto da melhor forma.

Por tudo isto, percebemos a importância dos pneus na actualidade…e no futuro, podendo os mesmos fazer toda a diferença no momento da vitória e também da derrota.