A Vilar ficou famosa em Portugal pelas bicicletas que produziu, construídas desde 1922, com o precioso alvará obtido pela Vilarinho e Moura, Lda., sediada no Porto, a Rua do Bonjardim, 826.

A ideia de produzir bicicletas em série nasceu em 1921, graças ao mentor Ilídio Horácio Vilarinho, que aproveitou os bons contactos que tinha no Ministério da Indústria, para investigar a possibilidade de obter um alvará de construção de bicicletas em série, no Porto. Convenceu o seu cunhado, António Pinto de Moura, a criarem uma sociedade e é então que partem em viagem para França e Inglaterra, com o objetivo de visitarem as principais fábricas de bicicletas em tournée, que lhes deu uma visão absolutamente distinta do que se contruía de forma artesanal no nosso país.

Durante a viagem, conseguiram encomendar a maquinaria necessária e acessórios e, no regresso, trazem consigo mil ideias para a fábrica. Logo que chegam ao Porto, põem mãos à obra: contratam desenhadores, operários, serralheiros, pintores, torneiros e mecânicos.

Obtêm a atribuição do desejado alvará e criam o emblema da Vilar, que irá marcar todas as bicicletas desde então: uma águia no seu esplendor, segurando uma roda dentada, com a cruz de Cristo no interior, contornada por um círculo azul, com as letras que formam a palavra VILAR, em cima, e PORTUGAL, em baixo.

Em 1922, lançam as bicicletas e o sucesso e imediato da fábrica não pára. Quando, em 1949, surgem os primeiros micromotores Pachancho, construídos em Braga por António Peixoto, a Vilar começa a idealizar um velocípede a motor.

Paralelamente, em Lisboa, Simão Chaskeslemann obtém a representação para Portugal dos motores Cucciolo, de 48cc a quatro tempos (Ducati), e cria a Micromotor no Largo do Mastro, 29. Para iniciar a revenda destes motores pelas casas de bicicletas contrata Jorge Pais Lobo, que será também o chefe de fila dos pilotos da equipa de corridas da Micromotor.

Chaskeslemann, que sonha ainda mais alto, vai ao Porto negociar com Ilídio Vilarinho. Ambos acreditam que unidos têm em mãos um valente negócio e decidem fazer uma parceria com o objetivo de colocar no mercado os melhores velomotores nacionais.

É acordado que vilarinho fica com a distribuição de toda a zona norte acima de Aveiro e a micromotor desde Aveiro até Faro. Passado poucas semanas, fabricam os primeiros protótipos com roda 26 na nova fábrica nacional de bicicletas e motocicletas, no lugar da Ermida, em São Mamede de Infesta, os quais, depois de aperfeiçoadas e decorados, serão um sucesso.

Momento histórico oferecido por Bertrand Livreiros e informação do livro: “As motos da nossa vida: uma viagem sentimental à memória das motorizadas portuguesas” de Pedro Pinto.

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